Tancredo Neves – Magalhães Neto

Pois é

Nem queria contar isso para ninguém.
Queria ficar caladinho na minha
No meu cantinho
E continuar fazendo minhas escolhas sem ninguém ficar a saber.

Agindo sem alarde.

Contudo

Fazer o que se minha língua é grande?
Ou talvez seja uma necessidade de me aparecer mesmo.

Enfim.

Estou de novo de turbinas ligadas e fazendo manobras para decolagem.

Em outros anos poderia eu, até falar que a estação da empolgação chegou mais cedo.

Cedo até demais.

Começo os procedimentos de decolagem
Vamos Ícaro , vamos com essas manobras
E nada de deixá-las evasivas.

Não vou mais me esgueirar pelos cantos.
Quero a avenida principal e não vou pedir licença.

Cada vez
Com o passar dos anos
Essa decolagem vai ficando mais suave.
O tempo do vôo demora mais.
A necessidade de fazer escalas vai sumindo.
O plano de vôo fica menos complexo apesar de ir, em cada decolagem, em rotas bem mais tortuosas do que eu ia quando aprendia a voar.

Antigamente eu queria voar com outros pelo céu.
Todavia enxergo que, existem coisas que a gente só pode sentir no céu quando se está só.

Acho que só se pode compreender os desenhos das nuvens se o seu campo visual está limpo.

Muitas vezes uma pessoa ao nosso lado atrapalha.

A grande verdade é que enquanto têm um monte de menininha chorando pelo príncipe encanto, no outro lado da rua têm um menino trancado no quarto se masturbando…

Alguma coisa está errada. As pessoas têm muitas expectativas para com os outros.
Eu não quero mais esperar o outro
Para depois colocar a culpa nele
Pela minha falta de ação.

Eu não quero ficar a gravitar em torno de alguma torre , mesmo que essa torre tenha uma bela bunda e um par de seios apetitoso.
Quero ir longe.
Tão longe que quando olhar para trás nem minhas pegadas eu vou conseguir ver.

Sozinho, sem pegadas e sem medo.

Parece que o céu não é o limite.
Será, que farei igual ao Coltrane e chegarei na estratosfera?

A sensação de liberdade é imensa e só minha.
Somente eu sinto quem realmente eu sou.
Do que eu quero.
E de saber
Que somente eu e mais ninguém
Pode entender isso.

Realmente existe limites para expressar algumas coisas.
Mesmo que eu tire fotos
Faça alguns streamingzinhos
Ou escreva nesse blog
Nunca eu poderei exteriorizar isso.

Esse é o limite de compartilhar sentimentos.

E tudo isso apenas andando pela Trancredo Neves e seguindo pela Magalhães Neto
Que no finalzinho,
Já quase no Integral
Têm uma brisa boa
Que embaça o óculos e deixa tudo com cheiro de sargaço.

Nem dá para perceber que o canal, que segue por trás do Thales de Azevedo, é apenas um grande esgoto correndo todo saliente a céu aberto.

Não precisou eu dizer nem uma palavra para aquele rasta na frente daquele prédio em construção, juntinho da Paulo Meira.

Aquele olhar me disse o óbvio

Que tudo a meu redor, apesar de plástico, está estéril, sem vida.
Estragado
Morto

E nem uma solitária palavra foi necessária…
Ele era o Tx
E eu o Rx.

E pra que ouvir
Mais um show da Retrofoguetes?
Agüentar aquele povo que usa sandália fedendo a cocô?

Não

Meu dia não vai terminar numa noite ordinária e com a camisa toda barrunfada de maconha.

Vou tomar um Lapa X Qualquer coisa
E tomara que ele entre no Bingo Rio Vermelho e assim eu chego mais rápido em casa.

O celular toca…

Será que ela não entende que eu só queria ela por uma noite ?
Será que teremos que ir para o domínio da freqüência para ela entender isso ?
E ela sabe quem é Laplace ?

Farei o mais sensato.

Impressionante,
Depois do quinto toque não atendido as pessoas
Desistem

Casa, Casa, Casa.

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