Dois de branco numa noite ensolarada

Dois de branco numa noite ensolarada.

0.

Há um esquizoide caminho de prata
entre Itapuã e a Garibaldi.
entre Dinha e Ondina,
#fato

E é nele,
naquele noturno trecho elipsoidal,
que avaranda sargaço_ventania_preamar,
que a mulata_cidade nagò
se encoraja e,
cantando solstício sobre nós,
grita o seu gemido mais agridoce
mostra o seu ouro e,
inflamavelmente,
pede a nossa retroalimentação.

E não paramos,
andamos !!

Levitamos magneticamente
até uma encruzilhada
que graça a Esù
jamais aparece.

I.

Depois de mui léguas,
nossa Navilouca aporta em um bar
e,
tropicalmente,
você saca da bolsa sua 765_Me_Segura_Qu’eu_Vou_Dar_Um_Troço
e eu o meu canhão de plasma_Mel_Do_Melhor 
e rezamos um terço para Wally Sailormoon
enquanto o suco de manga fica pronto.
 

O pão com calabresa chega e dentro da bisnaga de maionese da Arisco
brotam algumas palavras sobre Bakthin.
E a carnavalização dos nossos passos reafirma-se,
E esguichamos spray apimentado perante a hegemonia.

De vítima,
queermente viramos o Sendero Luminoso da beleza_belezura
e metralhamos com balas de mel do melhor
todo o entulho que floresce
à esquerda e a direita de nós.

As fritas chegam e descobrimos que ficam + saborosas
quando fofocamos sobre o nariz do Pignatari
ou do meu medo infantil
da melindrosa cacofonia cigano – sertaneja que o Alceu reverbera
em “A noite do espantalho”.

E o que dizer do suco e do palo_seco_tapa_na_cara do Agripino de Paula
derramando sobre nós tanta novidade
de um só sopro?

Maldito_gostoso diabo da barba alva
e sua mania de virar de vez sobre nós
a cumbuca de açúcar de confeiteiro.

E o que dizer do Macalé,
que também não se aguentando,
vai e jorrando ao fundo
“Mal secreto” e “Movimento dos barcos” ?

Fodeu,
Ou melhor,
Fudeu 😉

Iremos para a discoteca?
Iremos varrer a madrugada
mais uma vez?

Que porra nenhuma!!!

A gente gosta é de dormir cedinho.
Amanhã temos um balaio imenso de pescados vivos para fisgar.

II.

Pagamos a conta e vamos voltando
o nosso caminho de melaço.
Temos sorte,
ainda há tempo de você pegar o seu perfumado pernoitão
e d’eu ir me jogando leve e solto pelo asfalto noturno.

E nesse retorno,
vemos que o mais sensato é acelerar
e celebrar tudinho,
inclusive os nossos descalçados percalços.

Ainda temos
e ainda aguentaremos
muito penhascos internos
e muitos saltos no externo escuro.

E parece que a gente nem liga mais
quando falam que casco de nossos saveiros
já andam bem abaulados…

A gente adora as tatuagem deixadas
pelas pedras polidas.

Hehehehe!

A vida_vidida
é por vezes um árido mar caudaloso.
Mas,
porém,
contudo,
e,
principalmente,
todavia sendo o mar,
um braço de rua do oceano,
este azul turquesa,
é sempre a maior beleza
que a gente poderá saborear não é?

Por isso vamos que vamos,
vamos na costura dessa linha_língua negona,
e que assim seja possível a gente trepar
nossos planos montagens de ações futuras,
cenas de nossos copos de café de saudade
das peripécias peroladas de ontem
e as futuras diatribes do agora.

Nosso trio já anda desgovernadamente pela rua,
por isso seremos,
mesmo que só,
carnaval de tudinho de tudinho,
de cada pedaço açucarado
da ânfora do nosso peito.

III.

Pois é Ignez_do_cabelo_de_fogo,
sinto que você,
mesmo que a gente se demore para enamorar o encontro téte a téte,
amola meus caninos e assim,
tanto lá_aí como e acolá_aqui,
nosso velho_novinho laço
é pedra de amolar nossos facões.

Creio que é isso nobre amiga,
antes de artesã do verbo
somos açougueiros das palavras malditas
mestres da caipirinha do verso e da prosa doce_amarga.

Cortaremos os melhores bifes,
ceifaremos as nossas medrosas gorduras,
adoçaremos_embriagando
a rua e o alheio.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *