Neste feriadão, bem carrancudo como já é tradição nestes dias chuvosos de Junho vou, ao som carinhoso de “Toque Dela” (2011 – Marcelo Camelo), passando os olhos nos milhões de tarefas que programei para hoje.
Primeiro, para abrir a manhã, comecei com a leitura do meu presentinho de Dias dos Namorados. Trata-se do livro “Caymmi: Som, Imagem, Magia (1985 – Sargaço Editora).
Nas primeiras páginas acabei por descobrir que ele faz parte de um projeto de dois discos que, tempos atrás, acho que no último FISL, encontrei no Mercado Municipal de POA.
Essa era uma história para eu ter contado por aqui, da história da vendedora, bem velhinha, contando sobre como ela sofreu com o incêndio do Mercadão, ainda em 2013 (curiosamente a última vez que estive em Porto Alegre), dos discos que perdeu.
Lembro que ela, em um determinado momento da nossa conversa, perguntou de onde eu era. Ao saber que era de Salvador, aquela senhorinha sulista abriu um sorriso enorme e disse, com um garboso sotaque carregado:
– Tenho aqui um negócio pra ti.
Como resistir à aqueles três discos de Caymmi ? Eles brilhavam e cantarolavam aquela voz negrumosa e cheia de sargaço que tanto já acalentou as minhas paragens pensativas. Não tive como resistir apesar do preço salgado.
O importante é ser feliz e ter milhões de conversas para colocar aqui para vocês.
Eu acho que nada é mais baiano do que isso. Ir a Porto Alegre e voltar de mãos dadas com o arquiteto da baianidade.
Agora, dois dos três discos se irmanam com o livro. Aliás, cousa mais linda ele. Entre suas páginas bem cuidadas apesar dos seus 33 anos de existência, podemos ler um belo prefácio do Jorge Amado. Além disso, a autora, Marilia Barboza, possui uma prosa daquelas que a gente fica com vontade de devorar o livro de uma vez só.
A parte ruim é saber qual a Fundação que patrocinou a obra… Comportamento costumeiro da classe artística baiana que ama viver nos palácios dos donos do poder local.
Mesmo assim a obra é uma Coisa Linda.