Para muitos, um banheiro pode ser um lugar bastante inusitado para que seja encontrado um livro. É, na maioria das casas, passadiço para revistas de fofoca ou esconderijo das revistas ditas masculinas.
Porém, aqui em casa sempre aportaram grandes livros. Por aqui, em verdade, os livros que estão a ser devorados no momento, os protegê que prendem atenção e jogam a nossa existência para aquele mar fundo e calmo do horizonte, sempre vivem por essas plagas.
O atual é essa biografia do Jorge Amado, sensacional e belamente escrita pela Joselia Aguiar. Conheci esse livro através de uma chamada do Canal Arte 1, onde a escritora fazia uma listagem das obras fundamentais de Jorge Amado.
Um dia, junto com a Ane, fomos lá, no Cinema Glauber Rocha ver algum filme Belas Artes e na linda livraria LDM, bem na vitrine, estava esse livro.
Levei o da vitrine mesmo, filho único do espaço.
A obra é um daqueles livros que você quer ler em uma sentada só, daqueles que você abandona mulher, emprego, praia (também não vamos exagerar) pra ficar ali, derretendo-se em cada passagem da vida do maior escritor baiano de todos os tempos.
Das biografias que li, “só fica atrás” da de Pierre Verger ( do Jean Pierre Le-bouler ) a de Clarice Lispector (do Benjamin Moser) e a de Stálin (Stephen Kotkin).
O livro da Josélia é saboroso, assim como a vida de Jorge na infância, Jorge sendo o intelectual militante do comunismo, Jorge e Zélia, Jorge e sua plêiade de amigos e amigas enfim, a vida de um escritor que como poucos soube fazer da própria vida uma obra de arte.
Apesar de tantos livros, de tantas histórias, o escritor, vizinho por anos de minha avó, minha mãe, foi o responsável por convencer-me a usar roupas coloridas e a amar ainda mais meu recôncavo, minha Bahia, nossa Salvador.
Quando estiverem em Salvador não deixem de visitar a Casa de Jorge Amado, tanto a do Pelourinho como a do Rio Vermelho.