“Da ero nono” ou “Ela Mata Aquele Que é Mau”

Saboeiro no final da tarde

sempre que escuto essa claque
seja no Zap,
ou no G1,
ou no The Guardian,
a imagem que inunda meus olhos
é um arrebol
de Sangue.

por mais que a nossa história grite
que já atravessamos desertos piores
—sequestro,
tumbeiro,
chicote,
saque,
e esse circular epistemicídio —
e que mesmo assim
construimos todas essas Sabenças
ainda ssim,
o horizonte pra mim
é um fogo que afoga-se
em Sangue.

nessas horas meu único clamor
é que o choro de Nanã Burukú
lave piedosamente
o choro de todas as mães
dos que estão voltando pro barro
pelas mãos desse filho da puta Sanguinário.

Velha Avó,
jamais esqueça dos 57 milhões,
ou dos arrependidos de araque
ou daqueles que acharam legal
o “quanto pior melhor”
“2022 será vermelho de novo”
vermelho desbotado
e sem Sangue nos olhos.

Oh! Anamburucu,
deitado aqui nessa esteira
peço a ti que também não esqueça de nós,
os voluntaristas de boas intenções,
que atearam fogo na casa dos marimbondos
sem pensar em uma contenção provisória,
em um projeto de país,
em alguma conciliação
e menos Sangue
a verdade Mãe Antiga
— e a senhora já viu isso tantas vezes—
é que os peçonhentos
— de coturno e fardados, travestidos de banqueiros ou como neo-escravagistas dos aplicativos—
sempre chegam com fome e usura
pra beber todo
nosso Sangue.

por isso Nanã,
não tenha pena de ninguém !!
lave todo esse Sangue
com o Sangue

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