Entre um vídeo e outro, de um curso sobre o editor Vim, fiz uma breve parada no Instagram. Aquele bom e velho détournement ciber-debordiano para desanuviar um pouco a mente.
Graças aos meus deuses dançarinos que não sou de ferro e nem tenho vocação para certa tenacidade jesuíticas ou cousa semelhante.
Acredito que de fato e de direito, morando em uma cidade litorânea, o ideal seria um passeio na rua, pela orla aconchegante de Salvador, coisa e tal mas que nesse pré novo normal ainda é impossível.
Fiquemos então com a infoesfera.
E eis que brota, de uma página de pratos de barros, daquelas lojinhas charmosas do Insta, um texto sensacional, “Ouse Ser do Seu Tamanho”, de uma escritora chamada Tayná Saes.
Bem…Existem tantas esquinas, tantas possibilidades no link acima que eu — de maneira sincera—, fiquei inibido em escrever qualquer coisa por aqui.
Outra questão que o texto trouxe foi essa sensação de ser um estrangeiro — na verdade, de certa ilha deserta— ficando parcimoniosamente muito pensativo em escolher em quem, dentro do rol de conhecidos e conhecidas, teria condições de mordiscar com a gentileza apropriada o mel do melhor do que estava ali, radiante e acolhedoramente aguardando um breve gesto de cuidado.
Pontes, abraços.
Uma leitura calma.
Cuidadosa.
Tenho uma fé, uma crença forte de que todo texto é uma aposta, um dizer singular que joga todas as suas fichas, suas pedras do dominó, ao mundo, desafiando-o à escuta, à degustação que —vai saber não é minha gente, aqui não temos mais bússola, GPS ou qualquer tipo de orientação— propicie certo regurgitar —interno ou externo—, de uma miríade de formas que acalente aquele ou aquela que ressignificou o abraço dado com aquela escrita particular.
De uma forma ou de outra, esse texto é, de uma maneira desconcertante, essa fé na palavra, na vida e no outro qualquer. É a obra de arte como um fenômeno de ressonância, que conduz outro sistema a oscilar para além das suas/nossas —parcas— certezas.