Pessoa, Reis, Ricardo, Você, eu

O poema de Fernando Pessoa “Para ser grande, sê inteiro” é sempre aquele bálsamo, aquela mola no fim no fim de todo precipício, que sempre se faz necessário.

Essa coleção de palavras de uma das suas personas literárias — o médico morador das terras brasileiras assassinado por Saramago, o gigante Ricardo Reis— , é aquele delicado gesto de auto amor, que sempre precisamos relembrar generosamente quando a roda da vida teima em emparedar e emudecer quem realmente somos.

Hoje é o primeiro dia das férias mais estranhas de toda a minha vida. Serão férias curtas —coisa que nunca fiz— e dentro de uma pandemia —algo pra além da imaginação.

Serão dez dias que tentarei que virem dez longos anos, mil séculos, dez segundos.

Pouco importa.

Quero apenas o mel do melhor, de mim em mim —e dos outros comigo— em cada mísero instante meu.

A vida é curta demais para certas concessões.

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive

Álbum “Dori Caymmi” (1982)

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