O poema de Fernando Pessoa “Para ser grande, sê inteiro” é sempre aquele bálsamo, aquela mola no fim no fim de todo precipício, que sempre se faz necessário.
Essa coleção de palavras de uma das suas personas literárias — o médico morador das terras brasileiras assassinado por Saramago, o gigante Ricardo Reis— , é aquele delicado gesto de auto amor, que sempre precisamos relembrar generosamente quando a roda da vida teima em emparedar e emudecer quem realmente somos.
Hoje é o primeiro dia das férias mais estranhas de toda a minha vida. Serão férias curtas —coisa que nunca fiz— e dentro de uma pandemia —algo pra além da imaginação.
Serão dez dias que tentarei que virem dez longos anos, mil séculos, dez segundos.
Pouco importa.
Quero apenas o mel do melhor, de mim em mim —e dos outros comigo— em cada mísero instante meu.
A vida é curta demais para certas concessões.
Para ser grande, sê inteiro
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive