Os últimos meses tenho mergulhado — um pouco mais — na nossa MPB. Talvez, bem intuitivamente, tenha começado essa investigação por pensar de maneira semelhante ao Vinícius de Moraes, que uma vez comentou:
“[…] a nossa música é o que temos de melhor.”
Entre as páginas de Zuza Homem de Mello, Jairo Severiano, Tárik de Souza, Ruy Castro, José Tinhorão, Sérgio Cabral, você vai vendo um país bonito, com um frescor infinito e sem vergonha de viver sendo quem é, apesar de tudo que é.
Tantas canções, tanto ritmo como um processo do encontro das tradições musicais da Europa, da África e da América. Reinvenção e síntese que acontecem apesar do violento processo societal da colonização, da escravidão e de toda a vergonhosa concentração de renda e imobilidade social brasileira.
E a pergunta que fica é onde é que foi parar esse país encantado quando mais precisamos de seu brilho e de sua beleza?
Será que ele ainda existe mesmo ou existe somente a sensibilidade dos nossos artistas restando portanto ficarmos assim, de LP em LP como de galho em galho, segurando em algum fio de esperança de um — sempre — amanhã melhor e foda-se que nosso presente é um vácuo fúnebre?