Enfim vou começar pelo Sábado …
Acabei não indo a aula de Economia, tava chovendo e no fundo sabia que só quem iria ia ser eu . A chuva caiu praticamente o dia todo como continua a cair agora nessa segunda feira.
No fundo acabei lendo (pra variar!!!) a pilha de livros que tenho na mesa e outros que já ripei e estam no pc. Têm coisas da facu, coisas do m.e.t.r e coisas do mpl.Têm também os mangás e também os livros de arte para ver se entendendo de uma vez por todas como sistematizo as idéias para o curta, peça, banda…
Muitas idéias na cabeça , e apenas duas mãos para fazer. Isso me deixa triste pq , cada dia penso em mais coisas e sempre somente eu parto para a ação.
Uma merda esse lance de dividir as idéias com outros , de trabalhar coletivamente. Quando as pessoas não se perdem na discussão do método, no final acaba eu mesmo partindo para fazer a parada.Não divido mais nada com ninguém . Se é pra ser vanguarda serei somente eu !!!
Nem me lembro mais o que almoçei no sábado, veja nesse mórbido exemplo que W. Benjamim estava correto em suas afirmações sobre a rapidez das informações , a fugacidade das coisas e a impossibilidade de a gente analizar com calma informações que chegam até nós. Se não me lembro da comida imagine do resto … Viva a Escola de Frankfurt!!!!!
Umas quatro e meia( acoredei as quatro da manhã) me lembrei da reunião do M.E.T.R(exú) que tinha marcado com liz e a galera lá no quintal. Minto dizendo que a mesma era uma reunião, na verdade chamaremos nossa reunião agora de colóquio internacional…
Só não me perguntem o pq disso . É preciso explicar tudo ? Eu já perdir essa necessidade a muitos anos.
No final acabei não indo , meu espírito boêmio não estava com vontade de sair pelo menos naquela hora. Acabei indo para outro lugar, na verdade lugar nenhum específico. Somente a andar ,a ficar à DERIVA , pensando algums coisas e aproveitando para fazer um pouquinho de psicogeografia. Moro no centro da cidade entretanto, sempre têm algo novo para ver , para se relacionar.
Acabei quase na Barra e ví o cartaz de uma peça que já tinha ouvido falar na net, Shopping and Fucking. Não gosto muito de ir nesses lugares pq tá cheio dos malditos culturetes. São pessoas depressivas , fumantes invetarados , heterosexuais fazendo tipo de gay, gays fazendo tipo de hetero, todo mundo se veste de preto, falam coisas como “Esse país é extremamente desigual” e depois pedem uma dose de Scott puro. Sem falar que pra ser cool deve-se ter visto um milhão de vez algum filme de Godard e ouvir músicas tropicalistas …
Desenvolvi uma técnica que é levar um livro e ficar sentado em alguma mesa (sem consumir nada é claro) do que eles chamam de openbar e fico a ler.Dessa vez levei um livro sobre a Revolução Sandinista(coleção UNESP).
Uma mina , até gostosinha, ficou olhando de longe pra mim. É foda, mais fico alegre quando encontro com essas meninas com baixa auto estima, com eses complexos pós- moderno de inferioridade. Foi só não olhar pra ela que uns cinco minutos depois a mina acendeu um Camel. A maldita riquinha depressiva nem Derby tinha !!!!!
Eles, os culturetes, fumam outra parada além de camel, um cigarro chamado cigarro de bali.
Gente estranha , gente fazendo tipo.
Meu consolo e divertimento é saber que aquela gostosinha depressiva vai se acabar na cartela de prozac quando chegar em casa.
Os beatnick tinham Ginsberg e as anfetaminas e a gente têm Paulo Coelho e os malditos cigarros de bali ….
Engraçado é que fiquei numa mesa só para mim , ninguém se atreveu a sentar comigo,talvez a depressiva fizesse isso, más ela não conta galera.
Também eu era o único que não estava com o blusão da dolce gabana , uma camisa da richard ou algum sapato italiano. Possívelmente pensaram que eu era o vendedor de cigarrinho do capeta pois, o modus operandi deles é assim, ficar sentado numa mesa e esperar os compradores de pseudo topor se aproximar.
Viu aí movimento negro, o preconceito têm algumas coisas boas nessa cidade.Garantiu minha paz , foi meu escudo anticulturete. A questão racial,digo do preconceito racial,constitui-se muito mais econômica do que de pelo tom de pele.
Tinham negões e negonas lá com vestes caras e, essas pessoas(os malditos brancos da Vitória como vcs dizem!!!) não os viam como seres ameaçadores ou como mercadores de narcóticos. Eram enfim eram para eles , aqueles negros, camaradas , que juntos faziam uma grande fraternidade burguesa.
Sobre a peça , digo que a peça é muito de fuder.
Provavelmente a galera alí ficou assustada com as cenas de homossesualismo,menagé , bissesualismo, entretanto o lance alí é a critica.
E a crítica no fundo é para eles. O mais engraçado é que todo mundo no final bateu palmas.
Muito legal o cenário, somente um cadilac adaptado que poderia girar no palco pq tinha uma adaptação com rodinhas de carrinho de supermecado. Totalmente metareciclagem.
Outra coisa legal foi os sons da peça.Não a trilha sonora , e sim os barulho que os atores tiravam do própio carro , batendo a porta , batendo a portinhola da bomba de gasolina. Muito bom.
Porém o ápice mesmo é quando o cadilac acende os farois bem no rosto da gente(ele fica rodando com o esforço dos própios atores, que o giram para dar uma noção de mudança de ambiente).
Depois dessa peça entendo que a sensação de morrer atropelado por um cadilac no meio de uma estrada deserta com aquele farol de milha gigante me banhando com sua luciferiana luz ,aquele monte de aço bem trabalhado pintado à cor de céu de brigadeiro, é muito mais aprasível do que pular de um prédio , se entupir de vallium ou a forma pueril de cortar os pulsos.
O teatro todo apagado e aquela luz me iluminando, me fazendo refletir, me trazendo senso de pertencimento, me distânciando daquelas malditas pessoas foi algo que me lembrarei por um bom tempo.
Ao sair daquele teatro, tinha uns três metros de altura !!!!!