As moças e as senhoras da pipoca

Sentado estou em mais uma infame praça de convivência de um shopping
vivia ali, entre um poema e outro,
no meu diminuto reino feliz das diagonais em curva 
que só as onças pintadas em pretinhos pontos sobre um mar de alvas costas retas 
e suas longilíneas pernas fazem conosco.
Mas, como sempre,
eu esqueço que meu Cinema Paradiso
é dentro de um shopping
E nesse sumidouro de alma
eis que pousam duas senhoras
e seus sacos de pipoca
De milho em milho,
arrotam um sem fim de friorentas arritmia,
fico aos poucos convalescente,
com as viagens pra Miami,
com as compras de cafonas,
e das diatribes que ensejam
para com suas empregadas domésticas.
 
Mesmo sem querer, 
sou arrastado e enlaçado
para aquela vida besta em borralho.
Nadar contra a maré
em vacúolos de silêncio
é a única forma de sanidade.

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