Uma cobra passou aqui na minha varanda

Acordei hoje com uma vontade danada de reler “Pierre Fatumbi Verger – Um Homem Livre”, do Jean-Pierre Le Bouler (2002, Fundação Pierre Verger).

Passo o café de ontem, corto uma fatia generosa de bolo de  aipim e, para terminar meu rito de passagem para as praias do mundo da “libido legere”, estendo cuidadosamente meu corpo dentro da rede de pano, da minha varanda.

Estava aqui, entre um balançar e outro, dando bem devagarinho meus passos deliciosos nessa outra dimensão —nessa alteridade que é o ato de caminhar na vida de alguém ao lermos uma biografia— quando olho ao redor, lá pro lado do mar e vejo algo pra deixar a leitura ainda mais agradável.

Não é que o vodun Dan Ayidohwedo, de soslaio, jogou uma piscadela pra mim.

Essa é a melhor biografia que já li —empatada com a de Clarice Lispector— e por isso é a segunda vez que faço sua releitura. Mas, prestem atenção lá no canto esquerdo, ali pro lado da Praia da Bacia das Moças…

Depois dizem que eu gosto de contar historietas, cousas do fantástico.

Enfim, essa mirada me fez entender um pouco esse meu súbito desejo.

Mas, fazer o que se a Bahia é assim?

Aqui é Bahia mermão… Aparecem Voduns, oriundos do Benim, o tempo todo pra gente.

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