Nesse final de tarde de Domingo, enquanto rola alguma espécie de regabofe nas casas humildes da vizinhança, vejo que o mais produtivo é ir indo devagar no galopante álbum ” Festa para um novo rei” (1978), de Marcos Resende & Index.
Nesta pandemia conheci uma série bem desconhecida da Philips chamada de MPBC — Música Popular Brasileira Contemporânea, lançada entre os anos de 1978 à 1981.
Na época os músicos em sua maioria ainda estavam no caminho de consolidação das suas carreiras as quais hoje — mesmo com alguns ainda sendo desconhecidas, desconhecidos do grande público — são músicos do grande panteão da nossa história, responsáveis por grandes obras , exímios arranjadores e produtores.
Estamos falando de gente como Djalma Corrêa (o mineiro mais baiano de todos, presente no espetáculo “Nós”, que praticamente pariu o tropicália), Túlio Mourão (ex Mutantes e que tocou com Pat Metheny, Chico e tantos outros), Robertinho Silva, Célia Vaz, Octávio Burnier (Tavinho Bonfá para os íntimos, o mesmo da turma de Aldir Blanc, Ivan Lins, etc), Aécio Flávio e Quartezanato, Stênio Mendes, Nelson Aires, Marcos Resende & Index, Nivaldo Ornelas e Luiz Claudio Ramos.
São onze álbuns — que seriam doze, mas o projeto acabou sendo cancelado e ficamos sem o álbum do Hermeto Pascoal — difíceis de encontrar, geralmente custando os olhos da cara, mas com uma rica sonoridade.
A arte das capas, fruto do trabalho do artista Aldo Luiz, é sensacional, com um quê de realismo onírico e mágico. O Aldo foi responsável, nos anos 70, na antiga Phonogram Discos, pela criação do primeiro departamento de artes gráficas da indústria do disco no Brasil.
Dificilmente algum grande disco da década de ouro da nossa MPB não tem a assinatura ou a coordenação desse gênio gráfico.
Caso queiram conhecer… o lindo “Festa para um novo rei”, segue o link acima. Se é pra destacar algo, se possível peço atenção para a composição “Vidigal”. É qualquer coisa perto do céu, jazz misturado com funk que beira a perfeição.
A gravadora londrina Far Out Recordings lançou neste Janeiro de 2021 a gravação do primeiro álbum de Marcos Resende & Index, de 1976, inédito por 45 anos.
Uma pena que Marcos Resende não conseguiu ver o lançamento dessa nova obra já que veio a falecer no ano passado.
Talvez esse moço de Cachoeiro do Itapemirim tenha sido o nosso mais talentoso tecladista.