Parece que esse país vivencia um tempo de tanta desesperança, tempos tão sombrios que até mesmo a “esperança equilibrista”, as sutis palhaçadas de Quim Recadeiro e Seu Chalita e os acordes de ” […] Tem que dançar a dança que a nossa dor balança o chão da praça” cansaram de toda esse barroco violento que celebramos desde 1500 e foram embora.
Cansaram de nós.
Mas, sou um novo demais, bobo demais, grave demais.
Quem anda cansado sou eu, você e todos nós.
Bem verdade que estamos assim, tão carcomidos pelo aqui e agora, nesse poço lamacento de rebotalho, por escolha nossa.
Seja por ação tresloucada, mal agradecimento ao que tínhamos ou omissão, eivada de pudores da nossa tenra infância platônica.
Estamos braçada a braçada, dia após dia, por um fio de levantarmos “o viaduto” de outrora e assim, como uma velha cantiga, soterrar o nosso falho_frágil e, vemos agora, tão necessário último baile de carnaval – o baile de 88.
Cada um dos três – o menestrel do riso, o artesão do violão e o cronista das palavras azuladas que viravam canções sobre nossa gente – nunca cansaram de serem generosos conosco, seu amado povo cruel. Muitas vezes foram estrangeiros…
O Brazil, esse tenro melaço de ódio e usura um dia, lá na curva onde moram todos os “peitos que são do contra”, irá sucumbir perante o BRASIL que Aldir, Flávio e Moraes conheciam de perto.
Até lá, vamos andando, vestindo a seiva_palavra do Aldir, rindo das nossas idiossincrasias como o Migliaccio ensinava e, nunca esquecendo de dançar ao som da mão direita de Moraes.
só temos isso.
ainda temos tudo isso.